Sargento Perifa começa período de recenseamento pela comunidade da Linha Férrea

Na manhã deste sábado (23), o Coletivo Sargento Perifa iniciou o recenseamento de 2022. A primeira comunidade a ser atendida esse ano foi a Linha Férrea, seis integrantes do coletivo se dedicaram à pesquisa de campo que alcançou 38 famílias, enquanto outros se dividiram entre contação de história para as crianças, entrega de alimentos, roupas e brinquedos.


O Cheios de Direito prestou orientação jurídica para quem precisou, já a graduanda de enfermagem, Elis Regina, que colabora com o projeto Sargento Saúde, ofereceu orientação para as mulheres. Na ação, também participaram os projetos Dois Dedos e te Conto e Sargento Literário.


Para a estudante de Odontologia, Letícia Dias, 21, que fez sua estreia no coletivo, realizar o censo com os moradores a fez enxergar as pessoas de uma outra maneira: “fiquei feliz em ver a alegria das crianças ao receberem os brinquedos, mas, muito impactada com as respostas em relação às perguntas do censo. Muitas famílias não realizam nem duas refeições por dia, e frutas, é um alimento que só consomem caso ele seja doado. Uma simples conversa através disso fez com que muitas pessoas se sentissem importantes, e elas são”, afirmou.


A meta do coletivo era realizar a pesquisa com trinta famílias para que fossem colhidas informações de gênero, raça, saúde e desigualdade social, com essas informações os comunicadores popular poderão criar pautas políticas que chamem a atenção para as necessidades do lugar bem como os projetos atuantes poderão ter suporte para atender à comunidade conforme as demandas.


Na contação de história, o estudante Jonas Ribeiro e a graduanda em História, Maria Luiza Carvalho, conversaram com as crianças sobre racismo através da apresentação dos fantoches da família Perifa. Para Jonas, 17, que desenvolveu uma história lúdica a partir do racismo sofrido por ele e sua família quando entraram em uma loja do Recife, a atitude o ajudou a transformar a dor em empoderamento. “Quando minha mãe e minha tia entraram em uma loja comigo, meus irmãos e primos, uma vendedora gritou para os colegas de trabalho: ‘olha o baculejo’, isso foi doloroso demais para elas e essa cena ficou registrada em minha memória. Nunca mais elas pisaram naquela loja, mas é necessário que a gente fale mais sobre isso. Não podemos simplesmente aceitar o racismo e ir embora”, disse.


Apesar do nervosismo, a primeira apresentação de Jonas com as crianças foi sucesso garantido, “ver as crianças entendendo o que eu estava falando, mesmo sem que eu fosse fiel aos detalhes, me deixou tranquilo e me ajudou a ir mais fundo na história”, concluiu. Um outro sucesso foi a oficina de fotojornalismo, os adolescentes do Córrego do Sargento, que fazem a comunicação popular no dia-a-dia dos projetos, puseram em prática as aulas de fotografia e fizeram registros dignos de capas de jornais.